quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Dor, a Experiência e a Vida

    " Em um tempo incerto onde relógios não funcionavam direito e a ciência era contada pelas estrelas, Asiri e Sayri andavam por um caminho desértico em que seu pai mostrou apenas uma vez quando crianças. Eles chegaram no exato ponto em que seu pai parou e apontou para dois caminhos, como uma nuvem, aquela lembrança reapareceu em sua mente e o aroma das cherimólia em suas narinas. 

     - Não sou eu, meus filhos, que irá dizer por qual caminho vocês devem andar, mas posso confidenciar pra vocês que eu encontrei a felicidade compartilhando meus momentos com outras pessoas, mergulhando nos meus medos e levantando em todas as quedas.

        Em uma das trilhas de terra, um escolheu o caminho subindo pelas mais altas montanhas, com poucos povoados pelo caminho, transeuntes mas raros do que as aves que voavam por lá. Por um período de 6 meses ele se encontrou consigo mesmo, acompanhado da escuridão das noites e dos uivos de lobos das montanhas tão perto como sua sombra, pensou diversas vezes em voltar, afinal os arranhões e machucados pelas escaladas causavam cala frios pela aproximação da morte, mas ele seguiu em frente.

          O outro irmão continuou seguindo reto, encontrou diversos povoados vendendo e fazendo uma feira para o mercado de trocas, roupas das mais variadas cores, bebidas diferentes para cada paladar e para cada necessidade. Banhou-se em diversos rios, enfrentou diversos animais selvagens, um desses dias um gato-do-mato arranhou seu rosto profundamente deixando uma cicatriz de um canto ao outro do rosto e essa marca jamais sairia.

           Faltando um pouco mais de dois dias e estando no último vilarejo, se apaixonou pela mulher mais valente e inteligente de todos os povoados daquele pedacinho de mundo.

          Entenda que essa história não tem final triste ou feliz, afinal isso como muitas das coisas são devidas as percepções que temos. Mas do que isso, ambos os percursos eles tiveram dificuldades, ficaram marcados pela vivência, mas viveram um sobro de vida profundo. Talvez não importe o caminho, mas sim como você vai se transformar durante esse percurso e como você vai lidar com a dor, com o desconhecido, pois estamos dentro de um momento, não somos esse momento.

         Asiri casou-se com a mulher do vilarejo, teve filhos, tornou-se um homem completo, vivendo em sua sociedade, participando, conhecendo seus segredos e mistérios, ele foi feliz com a felicidade que pertence a ele.

         Sayri ao chegar no topo da montanha, descobriu que o sol aquecia de maneira incomum o solo, que tudo poderia ser criado naquele lugar, que as águas estavam em sua volta, como as nuvens da montanha, ele começou acolhendo as pessoas que estavam perdidas na trilha da montanha, após um tempo a cidade cresceu e tornou-se Machu Pichu.

Eles foram felizes com a felicidade que pertence a eles.


        

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